Utilização de Tecnologia Digital pelas crianças – quando e porquê?
A utilização de tecnologia digital pelas crianças levanta questões – quando deve ser utilizada e porquê?
Pode ser telemóvel, tablet, ipad, televisão, internet, filmes, videojogos… Estudos científicos recentes mostram consequências negativas da utilização excessiva destes Média Digitais em diversos níveis:
- Redução do envolvimento na sala de aula e piores resultados na matemática
- Maior dificuldade em completar as tarefas e manter a calma em situações de stress
- Maior risco de vitimização com os colegas da escola (piores competências emocionais e sociais)
- Redução do tempo de sono com consequências na irritabilidade, atenção e raciocínio abstrato
- Redução do tempo gasto com atividade física
- Maior consumo de alimentos calóricos, excesso de peso e obesidade
O tempo não estica e as crianças que gastam muitas horas com os ecrãs têm experiências menos diversificadas, menos físicas, menos relacionais e ficam muito prejudicadas no seu desenvolvimento.
No artigo recente de Ceranoglu (2018) são dadas normas de segurança para pais a este respeito, com base nos resultados de diversos estudos nesta área.
As palavras-chave são Onde, Quando, Quanto, Com quem e Conteúdo.
Onde: deve deslocar os ecrãs do quarto para um “local público” da casa, onde estão também adultos que podem monitorizar a utilização e interagir com a criança.
Quando: Em qualquer idade, limite o acesso na hora de dormir. A luz dos ecrãs antes de ir para a cama pode afastar o sono, fazendo as crianças adormecerem mais tarde, com tempo de sono insuficiente e todas as suas consequências (são recomendadas 10h aos 6-10 anos, 9-9,5h depois).
Quanto:
- Abaixo dos 2 anos o mínimo possível, não tem interesse para o desenvolvimento das crianças.
- Para crianças até 5 anos devem ser escolhidos apenas programas de alta qualidade em termos de conteúdo, apropriados para a idade, com companhia de outra pessoa.
- Para crianças mais velhas, limitar a utilização a 1-2h/dia em média. Irrealista?? Pode utilizar mais horas num dia mas deve ter atividades alternativas nos dias seguintes.
Com quem: com a companhia de um adulto que pode monitorizar o conteúdo, interagir com a criança, explicar e ajudar a pensar sobre aquilo que está a ver.
Conteúdo: atualmente existe uma grande dessensibilização para a violência e outros conteúdos classificados para crianças mais velhas (PEGI >12A, PEGI >16A). Veja a classificação e o conteúdo dos materiais e o efeito que têm no seu filho. Pode parecer inofensivo para determinadas crianças, mas não ser bom para o seu filho.
Certamente, o seu filho terá colegas e familiares que não seguem nenhuma destas regras, mas isso não importa. Os pais, que querem o melhor para os seus filhos, têm o poder de decidir de que forma querem influenciar o desenvolvimento e o futuro dos seus filhos. Se não tomar decisões sobre esta questão, alguém vai decidir por si. Situações mais graves e persistentes poderão necessitar de ajuda especializada.
Boas escolhas!
P.S. – Aproveito para divulgar um jogo de tabuleiro para jogar em família que ajuda a educar para estas questões: «Missão 2050» — Promoção do Uso Saudável das Tecnologias.
Foto inicial: licença CC BY-SA 2.0 flickr.com/photos/verkeorg/25035439971