Hoje vou jantar com o ecrã!
Não me escapo de uma visita para provar as iguarias do fast food de vez em quando para delícia dos pequenos mas, desta vez, o ambiente estava diferente. Embora estivesse praticamente vazio àquela hora, o espaço estava invadido de ecrãs: tablets tinham proliferado sobre as mesas. O efeito esperado foi bem visível em visitas seguintes: tempo familiar convertido em monólogos silenciosos de ecrã, cada um com seu. Filho no tablet, pai no telemóvel.
Podia ser só uma fase, mas não. Em várias mesas, foi possível passar todo aquele tempo sem comunicação verbal, sem contacto visual recíproco, sem partilha.
O ecrã é muito cativante para a maioria das pessoas, absorvente, surpreendente ou previsível, engraçado, rápido, cheio de informação. Mas quando bloqueia o espaço da relação, atrofia-nos como pessoas e descapitaliza os relacionamentos.
Muitos pais referem alguma preocupação com o tempo que os filhos dedicam aos ecrãs, como uma fatalidade maior do que nós. É preciso ser pró-ativo, criar espaços e tempos próprios para o ecrã e atividades alternativas. Sim, pode ser cansativo depois de um dia ou de uma semana de trabalho…
Podemos combater a pobreza relacional que ameaça as novas gerações, mas tem de começar em nós.
Por isso, da próxima vez que for jantar, desligue o ecrã e descubra quem é a pessoa que está consigo.