Sobre os hábitos e os problemas do sono das crianças portuguesas

Foram recentemente publicados na Acta Pediátrica Portuguesa os resultados do Estudo dos Hábitos e Problemas do Sono dos 2 aos 10 anos, mostrando que a privação de sono e os sintomas das perturbações do sono são frequentes em Portugal.

A privação do sono adequado tem sido associada a efeitos negativos em diversos domínios, tais como o desempenho cognitivo e académico, a regulação emocional e do comportamento, o risco de quedas acidentais e de obesidade. Por sua vez, as perturbações do sono das crianças podem ter ainda repercussão na quantidade e da qualidade dos pais, afetando o seu bem estar e desempenho nas tarefas do dia a dia.

Por este motivo, é necessário continuar a investir na promoção da saúde nesta área.

RESUMO

Introdução: Embora seja cada vez mais reconhecida a importância do sono na criança, existem poucos dados recentes sobre esta matéria em Portugal, com amostras representativas e questionários validados.

Objetivos: Os objetivos deste estudo foram avaliar os hábitos e problemas do sono em crianças dos dois aos dez anos e estabelecer dados de referência para a versão portuguesa do Children’s Sleep Habits Questionnaire (CSHQ-PT).
Métodos: Trata-se de um estudo populacional, transversal. O CSHQ-PT foi entregue aos pais de 2257 crianças recrutadas em creches, jardins de infância e escolas das áreas da Grande Lisboa, Península de Setúbal e Alentejo, regiões onde reside um terço das crianças portuguesas de dois a dez anos.
Resultados: Foram incluídos no estudo os questionários relativos a 1450 crianças. A idade média das crianças foi 6,5 (desvio padrão 2,3) anos. A prevalência de problemas do sono referidos pelos pais foi de 10,4%, sem diferenças significativas entre subgrupos de nível educacional dos pais nem entre zonas de média-alta e baixa densidade populacional. Estes problemas do sono mostram-se associados sobretudo à duração do sono, resistência em ir para a cama, ansiedade associada ao sono, despertares noturnos e parassónias. A baixa prevalência de problemas do sono identificados pelos pais contrasta com cotações elevadas no CSHQ-PT que traduzem comportamentos-problema mais frequentes. Considerando valores de referência de outros países, verificou-se que 10% das crianças tinham uma duração do sono dois desvios-padrão abaixo da média. A menor duração do sono mostrou associação com a sonolência diurna.
Conclusão: Os problemas comportamentais do sono e a privação de sono são prevalentes em Portugal, pelo que existem oportunidades de intervenção nesta área.
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